GENNY XAVIER
Genny Xavier nasceu em Caetité (sertão da Bahia) e veio para Itabuna com apenas 1 ano
de idade. Fez da região Sul da Bahia a sua terra adotiva. Começou a escrever
versos aos 13 anos, com um traço humanístico e social que indicava a
precocidade da sua idade. Ainda neste tempo, começou a publicar seus poemas em
jornais locais e em cadernos literários. Conquistou espaço e público leitor,
que via nos seus versos tristes e fortes uma linha universalista e um lirismo
intimista. Obteve muito êxito participando de concursos e jornadas literárias
regionais. Fez sua primeira publicação individual em 1981, com um livreto
intitulado "Poemas". Em 1986, publicou "Caso de um poeta
grapiúna que até hoje ninguém sabe o nome", texto poético-teatral em
linguagem de cordel. Participou de antologias poéticas e
concursos nacionais, entre os quais o da Academia Juvenil de Letras (secção da
Bahia) em 1977 e IV Jornada Estudantil de Itabuna, promovido pela Pastoral da
Juventude em 1981 - ambos em 1° lugar. Durante a década de 90, participou
de alguns concursos nacionais em vários estados do Brasil, obtendo
classificações significativas e menções honrosas, como o "Prêmio Nacional
de Contos Aníbal Machado", em Minas Gerais, onde classificou-se com o 2º
lugar, em 1993. Participou também de antologia de contos publicada na cidade de
Piracicaba – SP, como resultado de concurso promovido pela Secretaria de Cultura
daquele município, onde recebeu Menção Honrosa, em 1997. Atualmente, trabalha
na criação do seu primeiro romance, com o título "Alma de Papel" e
tem inéditos um livro de poesia, um de contos e um de literatura infantil.
Trabalha como professora de Literatura e Arte-Educação e coordena o Projeto
Memória Cultural do Município de Itabuna, da Prefeitura Municipal.
Particularmente, me orgulho muito de ter sido aluno da professora Genny Xavier (cursinho pré-vestibular no antigo Colégio Gama), com quem pude compartilhar alguns poemas e poesia escritas por mim e de quem recebi algumas dicas e sugestões importantes.
Particularmente, me orgulho muito de ter sido aluno da professora Genny Xavier (cursinho pré-vestibular no antigo Colégio Gama), com quem pude compartilhar alguns poemas e poesia escritas por mim e de quem recebi algumas dicas e sugestões importantes.
Algumas de suas obras:
Clara palavra que em noite foge
A máquina digita o grito
que sai
da boca do poeta
e
lembra-lhe todas as dores
que
pairam no mundo.
O poeta
aspira a dor que vem de fora
como a
engolir um monstro...
Neste
instante,
torna-lhe
disforme o corpo
e as mãos
tremem
para
esboçar a metamorfose.
O poeta
tem agora a cara do espanto,
o corpo
da fome
e a alma
de bandido...
E, quanto
mais se adentra na poesia,
mais lhe
escapa a imagem
da suave
manhã...
E o
poeta, em seu delírio,
vagueia
pelo deserto rachado,
toma
veneno e luta com feras,
abatendo
a golpes de espada
verdes
dragões
- estes
têm as patas de ferro
e soltam
insultos pelas ventas –
mas,
ainda assim,
o poeta
surrealiza uma canção
e
presenteia os homens de toda a terra.
Meu chão de ontem e hoje
Meu mundo era pequeno
quando eu imaginava comer
os pedaços da casa de doce
da rua do museu.
Hoje, eu sei que a casa é de tijolo
e o museu não existe mais.
Havia o rio e as pedras desse rio
quaravam as roupas
de quem tinha muita roupa para vestir.
As lavadeiras,
- vestidas de panos simples -
faziam bolhas nas mãos
espumando o alvejar dos ricos.
Hoje, o rio abre e fecha a boca
com seu hálito ocre
querendo o ar limpo que já não tem...
e as lavadeiras se foram
dos meus sonhos de meninice.
No meu mundo pequeno,
cabia muita coisa de sonho e mágica
como as barbas brancas do Papai Noel
em meu caminho para o cinema
em filme de domingo.
Cabia poeta recitando versos
na praça libertária
dizendo ao mundo que as guerras
matavam meninos que sonhavam voar.
Cabia homem-carro
fazendo das pernas pneus velozes
zunindo delírios
e buzinando alegrias.
E, ainda cabia,
parque de frente pra igreja
quermesses de bolos e fé
algodão-doce e ladainhas.
Mas, nesse mundo grande de hoje
a cidade encolheu o saber,
mal-cheirou o rio
e lava suas roupas sujas na sabida máquina do
tempo.
Tempo gasto em que as bruxas varrem ao vento
os ciscos das memórias dos anos de ouro.
Então, diferente do meu mundo de ontem,
este de hoje, tão grande e real,
sobra os espaços como numa caixa vazia,
espia a notícia do dia
e dita a ordem das coisas.
Fonte: Arquivo pessoal e site: http://www.itabuna-ba.com.br/gennyxavier.htm
Fonte: Arquivo pessoal e site: http://www.itabuna-ba.com.br/gennyxavier.htm
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